sábado, 17 de maio de 2014

A revolução do Big Data.

A REVOLUÇÃO DO BIG DATA
O Hubble está desvendando o Universo; o
Big Data o nosso universo de dados!


O volume de dados que vem sendo gerado hoje em computadores, tablets, smarphones e outras formas de tecnologia é impressionante e vem crescendo consideravelmente, muito especialmente em função da denominada internet das coisas (ver postagem nesse blog de 21/02/2014).
Para avaliar o crescimento desse volume de dados, basta lembrar a velha fábula do inventor do jogo de xadrez, quando o imperador encantado com o jogo quis remunerar o seu criador. Ele então respondeu: “no primeiro quadrado eu quero um grão de arroz, e a cada quadrado seguinte a quantidade de arroz deverá ser duplicada”. Depois de trinta e duas quadras, o imperador teria dado ao inventor do xadrez nada menos do que quatro bilhões de grãos de arroz!
Segundo estimativas da International Data Corporation, uma empresa de pesquisa de mercado, análise e consultoria especializada em tecnologia da informação, telecomunicações e tecnologia de consumo, o volume de dados que são gerados diariamente vem dobrando a cada dois anos, considerando nessa estimativa os dados gerados através da denominada internet das coisas.
De acordo com Eric Schmidt ex CEO da Google, havia cinco exabyte de informação criados entre o início da civilização até 2003. Muito mais informação é gerada hoje a cada dois dias e, essa velocidade está aumentando exponencialmente! As pessoas não estão prontas para revolução que vai acontecer com elas.
O termo Big Data é aplicado para as informações que não podem ser processadas ou analisadas utilizando-se dos processos e ferramentas tradicionais, uma vez que essas informações são geradas através de inúmeros dispositivos visto que a formatação desses dados é bastante variada o que dificultaria ou tornaria impossível a sua análise pelos métodos tradicionais.
Três características definem o Big Data: volume, variedade e velocidade. Quanto ao volume, muitos fatores contribuem para um aumento considerável no volume de dados gerados, como descrito nos parágrafos anteriores; a relação quanto à variedade pode ser percebida considerando-se os dispositivos geradores de dados, tais como: arquivos de textos, emails, imagens, vídeos, áudios, etiquetas inteligentes (RFID) e tantas outras formas vinculadas ao que se denominou de internet das coisas e, finalmente a velocidade está ligada tanto a geração dos dados quanto a forma ágil de processá-los para que tenhamos condições de rapidamente analisa-los.
A figura 2 apresenta esse detalhamento que passa a ser conhecido no jargão da tecnologia da informação como V3 (volume x Variedade x Velocidade).

Figura 2 – As característica do Big Data – Volume, Variedade e Velocidade.

Inúmeras empresas estão mergulhando profundamente nesse universo com objetivo de explorar esse verdadeiro tsunami de dados, objetivando, por exemplo, orientar as previsões de vendas, novos investimentos, lançamentos de novos produtos, etc., além de possibilitar monitorar operações das mais diversas (ver postagem de 08/12/2013).
O Mckinsey Global Institute (MGI) estudando alguns setores nos Estados Unidos e na Europa, entre eles saúde nos EUA, setor público europeu e o varejo americano, estimou grandes ganhos através da utilização do Big Data, como por exemplo: um varejista com big data tem possibilidades de aumentar sua margem operacional em mais de 60 por cento. Na área da saúde nos EUA, a análise de um grande volume de dados pode impulsionar a eficiência e qualidade do setor e produzir redução nas despesas em cerca de 8 por cento. No setor público europeu, segundo o mesmo estudo, para as economias desenvolvidas da Europa, os governos poderiam economizar mais de € 100 bilhões em melhorias na eficiência operacional, através da utilização do big data.
Também não podemos esquecer que o big data é uma excelente ferramenta para a detecção e controle de erros e fraudes, além de aumentar a eficiência do sistema de receitas fiscais. O nosso “leão” da Receita Federal deve utilizá-lo com bastante eficiência!
Estudos realizados por pesquisadores liderados pelo professor Erik Brynjolfsson do MIT destacam que a gestão através do big data vem produzindo grandes efeitos na melhoria da produtividade. Esse estudo teve com base uma pesquisa realizada em 179 grandes empresas e mostrou que ao utilizarem de análise de dados essas empresas obtiveram ganhos de produtividade que oscilaram em 5% e 6%.
É claro que a mineração desses dados é uma tarefa bastante complexa, porém algoritmos computacionais sofisticados e uso de tecnologias de inteligência artificial tem permitido o processamento e o reconhecimento de padrões por computadores de alto desempenho.
Um relatório produzido pelo MGI estima que, em face dessa massiva geração de dados que precisam ser processados e analisados, haverá uma necessidade de cerca de 180.000 novos postos de trabalho, só nos EUA.
Como o volume de dados gerados vem crescendo assustadoramente, cada vez mais é imperioso o uso de computadores de alta velocidade, assim com algoritmos que permitam a mineração desses dados em tempo recorde. Essa tarefa envolve: sistemas, softwares, computadores, recursos humanos etc. em fim, uma grande infraestrutura para manter e operar hardwares e softwares. Nesse sentido, muitas aplicações estão surgindo na análise desses dados com a utilização de algoritmos especiais que se acoplam aos sistemas de inteligência artificial e redes neurais, possibilitando assim que os próprios softwares através do “aprendizado” na coleta e interpretação dos dados produzam melhorias no próprio funcionamento deles.
O Big Data está se tornando uma grande revolução, porém não podemos esquecer outras questões importantes que terão de ser abordadas com relação ao potencial dessa nova ferramenta. Estamos falando de políticas relacionadas à privacidade, segurança, propriedade intelectual, bem com da responsabilidade no uso e operação do big data. Recentes questões jurídicas com o Google já demonstram preocupações nesse âmbito!

Fonte:
Big data: The next frontier for innovation, competition, and productivity in http://www.mckinsey.com/insights/business_technology/big_data_the_next_frontier_for_innovation - acesso: 15/05/2014.
Manyika, j. ;  Chui M.; Brown B.; Bughin, J,; Dobbs, R.; Roxburgh C.; Hung, C.B. in BIG  Data - The next frontier for innovation, competition, and productivity – in McKinsey Global Institute Report – May, 2011.
Eaton, C.; Derros, D.; Deutsch, T.; Derros, D.; Lapis, G.; Zikopoulos,P. – in Understanding Big Data – Analytics for Enterprise Class Hadoop and Streaming Data – McGraw Hilll – Companies – 2012
Lhor, S.  -The Age of Big Data – The New York Time – Sunday Review – February 11 , 2011 – in http://www.nytimes.com/2012/02/12/sunday-review/big-datas-impact-in-the-world.html?pagewanted=all&_r=0 – acesso 15/05/2014
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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e  autor das seguintes obras didáticas:
  • Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E. Schwember – Editora Interciência;
  • Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier;
  • Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.


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